O que é rejeitado ou reprimido pode se manifestar como
doença, explica médico psicanalista argentino
Na visão de Luis Chiozza, o hipertenso, por exemplo, passou
por situações de humilhação e indignação.
“O que surge primeiro: o raio ou o trovão? Um segue a
velocidade da luz, outro, a do som. Mas, os dois fazem parte do mesmo fenômeno
natural: a chuva. Com a doença acontece o mesmo e não se pode afirmar se o mal
nasce primeiro na mente ou no corpo. Mas ambos estão juntos e fazem parte do
mesmo processo”, afirmou o médico e psicanalista argentino Luiz Chiozza, em
conferência realizada no dia 05 de abril (sábado), em São Paulo.
Chiozza apresentou a palestra Por que adoecemos? A história
que se oculta no corpo, para uma plateia repleta de especialistas, terapeutas e
profissionais de saúde. A conferência foi realizada no Instituto Sedes
Sapientiae.O psicanalista argentino citou a hipertensão como exemplo para a
tese psicossomática. De acordo com ele, a diferença entre o “ser” e o “estar”
são muito importantes quando o paciente descobre a pressão alta. “Geralmente, o
paciente está hipertenso por uma humilhação que passou na vida, isto é, a
situação causou uma indignação e quando não é expressa, é reprimida, e
transforma-se em doença”, advertiu ele.O mesmo ocorre praticamente com todas as
doenças, entre elas, o câncer. Na visão do médico, há uma série de fatores
psíquicos que interferem na evolução desta doença. “Há três tipos de pacientes
com câncer: os que não aceitam e se revoltam; os que aceitam com resignação; e
os que agem como se ele não existisse. Por incrível que pareça, os casos mais
graves e mais difíceis de serem tratados são nas pessoas que continuam vivendo
como se estivessem tranquilas”, salientou.Inquirido sobre as doenças em
recém-nascidos e nas crianças, Chiozza defendeu que a vida fetal também conta
com a psique, que os fetos pensam também e estabelecem uma relação íntima com a
emoção dos pais.Sobre os distúrbios em animais domésticos, Luiz Chiozza foi
bastante enfático. “Se o cão não pensasse, como poderia então encontrar o osso
que deixou escondido? Os animais de estimação também pensam e refletem muito da
emocionalidade dos seus donos”, alertou.O médico falou do aspecto
psicossomático de diversos distúrbios, entre eles, a obesidade. “O obeso busca
incessantemente o afeto, além de sentir-se frágil para a maioria das situações.
E sentir-se frágil para enfrentar as situações da vida é mais importante do que
buscar o afeto na comida”, revelou.
Biografia - Luis Chiozza nasceu em Buenos Aires em 1930. É
sócio-fundador do Centro de Investigação em Psicanálise e Medicina
Psicossomática, além de diretor do Centro Weizsacker de Consulta Médica e do
Instituto de Docência e Investigação da Fundação Luis Chiozza para o estudo
psicossomático do enfermo orgânico. Preside o Instituto di Ricerca
Psicosomatica-Psicoanalitica Arminda Aberastury de Perugia, Itália. É autor de
diversos livros sobre os significados inconscientes dos transtornos orgânicos e
sobre a Psicossomática Psicanalítica, publicados em países como Argentina,
Espanha, Itália, Brasil e Estados Unidos.
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